Por que o movimento “Espíritas na Política”?
Espíritas na Política
É motivo de grande orgulho para uma nação declarar-se e de fato ser laica, afinal nações que colocaram religião e política no mesmo caldeirão mostraram ser esse um grande equívoco. O mundo nos oferta inúmeras possibilidades de vivenciar as experiências da fé e a melhor religião é aquela que torna o religioso uma pessoa melhor, mais equilibrado, lidando melhor e com mais temperança para com as coisas do mundo material, contribuindo com exemplos de conduta dignificantes e dessa forma auxiliando na contrução de um planeta melhor. Para alguns a melhor religião é o catolicismo, outros o protestantismo e para mais de 4 milhões de brasileiros é o espiritismo segundo as estatísticas do IBGE, e com a graça do altíssimo o Brasil congrega religiosos de praticamente todas as matizes de fé terrena.
Se de um lado somos uma nação laica, de outro, a imensa maioria dos brasileiros experenciam a fé, uns de forma mais intensa, frequentando cultos, assumindo funções em suas comunidades religiosas, escrevendo livros fundamentados em suas crenças, e já outros tantos experimentam a fé de forma mais individual, no exercício da prece, do melhoramento íntimo, ou apenas guardando apenas a certeza de que nem tudo se explica pelas leis conhecidas da matéria e da intuição da existência de um universo espiritual. É possível afirmarmos que a imensa maioria dos políticos brasileiros seguem o extrato da população, ou seja, também comungam da crença no divino, no espiritual, e quando se encontram no exercício de suas funções políticas, boa parte das vezes, suas crenças religiosas estão como pano de fundo de suas ações. As vezes tal se dá de forma que o político/religioso nem se dá conta, como por exemplo quando ele se dedica a defender a vida manifestando-se e trabalhando contra eventuais tentativas de implementar o aborto, a eutanásia e etc. Por outras vezes, essa junção de crença e política é bastante explícita, o que se dá exemplarmente quando um político institui projeto que acaba por criar “o dia do espírita”, ou dá nome de uma santa a uma praça e assim adiante. Podemos compreender que a laicidade do estado só pode ser alcançada quando de fato nossos políticos representarem o mesmo extrato populacional, o que sabemos não ser o cenário vigente. Temos a bancada de políticos evangélicos, a bancada de políticos católicos, e aqueles que não estão em uma bancada ou outra guardam suas crenças ou ausência delas, são políticos ateus, agnósticos, umbandistas, budistas e certamente alguns políticos espíritas, mas se analisarmos a Câmara dos Deputados Federais, constituída por 513 políticos em exercício de mandato, certamente encontraremos muito poucos que se intitulam espíritas. Os motivos são muitos, entre eles, certamente o principal é o fato de que Kardec, o codificador da doutrina espírita, recomendou as sociedades constituídas espíritas que deixassem de lado as questões políticas, entretanto o contexto a que o mestre de Lyon se refere no caso em questão, está no sentido de que no centro espírita, militâncias partidárias não utilizem a casa para movimentos políticos partidárias. Seguindo o que nos recomenda o inolvidável Allan Kardec, nunca veremos nascer um partido político intitulado Partido Democrático Espírita, ou algo que o valha. Imaginemos o caso de uma pessoa que ideológica e partidariamente seja socialista, e que esteja necessitando de um acolhimento espiritual ofertado por instituição espírita, e ao adentrar a casa de amor depare-se com panfletos, cartazes e/ou mesmo um palestrante espírita enaltecendo as maravilhas do liberalismo, seria um ato de extrema violência ideológica e espiritual.
Os Espíritas na Política em absoluto desejam que venhamos a construir a bancada de políticos espíritas, mas sim tenhamos condições de ter representatividade nas instâncias políticas, com membros eleitos que olhem para as empreitadas espíritas que tenham potencial de promoção social e destinem emendas, projetos de lei, apoio nas instâncias federal, municipais e estaduais para que as ações de luz levadas adiante por entidades e espíritas sérios alcancem êxito e espalhem paz entre todas as criaturas. Podemos ainda citar alguns benefícios que políticos que comunguem da fé raciocinada podem emprestar diante de suas legislaturas, a ética no trato social, a educação, a convivência mais harmoniosa possível com quem pense diferente e enfim tudo aquilo que estudam todos os espíritas minimamente sérios e que é tão bem delineado em: O Evangelho Segundo o Espiritismo; Capítulo XVII; Sede Perfeitos; Homem de Bem” “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Certamente que votar em uma pessoa apenas porque ela está nas fileiras do espiritismo, não é garantia alguma de que ela agirá com lisura, ética, transparência, afinal bons e maus religiosos estão presentes em todas as religiões inclusive no espiritismo. Por outro lado, quem quer conheça minimamente a Lei Divina tão racionalmente desvendada pelos espíritos superiores, penso eu, terá melhores condições de equivocar-se menos e pensar mais na coletividade, algo que infelizmente a maior parte de nossas excelências da atualidade pouco ou nenhuma atenção dispensam.
André Marouço
Gerente FEAL (Rádio Boa Nova e TV Mundo Maior), Cineasta, Jornalista, Formado em Marketing, Pós-graduado em Psicologia Clínica e Psicanálise.