O FUNDO DO POÇO E A RETOMADA DA ESPERANÇA
ESPÍRITAS NA POLÍTICA
O FUNDO DO POÇO E A RETOMADA DA ESPERANÇA
Edson Sardano, 19/09/18
Em outros tempos ficaríamos incomodados com essa expressão para ilustrar a situação que o Brasil vive hoje, não só na economia, mas na política e, porque não dizer, na cidadania como um todo.
Eu disse em outros tempos porque creio que, como preconiza a sabedoria popular, é só quando se chega no fundo do poço que se começa a empreender esforços no sentido contrário, ou seja: sair dele.
Enquanto houvesse espaço para baixo, sempre haveria a sensação de que alguma espécie de salvação mágica viria, obviamente, de forma messiânica, gratuitamente, como uma dádiva, um presente pelo qual ninguém precisaria fazer qualquer tipo de esforço.
A salvação não veio! Chegamos ao fundo e agora só existe uma alternativa: sair desse buraco.
Primeiro é preciso superar a fase das acusações:
- De quem é a culpa?
Cada um tem um culpado para chamar de seu, mas ainda assim de nada vai adiantar.
Passada essa etapa, é hora de arregaçar as mangas e, independente de do grau de responsabilidade de cada um, até porque nessa catástrofe não há inocentes, colocar a “mão na massa” que significa trabalhar, ir atrás de oportunidades e deixar de lado o oportunismo, sigamos a orientação do espírito Joanna de Ângelis (1):
“Considera o trabalho o melhor meio para progredir. Quem não trabalha, entrega-se à paralisia moral e espiritual. O homem que não se dedica à ação libertadora do trabalho faz-se peso negativo na economia da sociedade. O trabalho é vida”.
Sugerimos ao leitor estudar as questões 674 a 685 de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec que trata da Leio do Trabalho.
O Brasil tornou-se um dos maiores exemplos de corrupção do mundo porque todos quiseram ganhar mais do que o previsto em suas ocupações, funções e responsabilidades, seja o empresário que superfatura uma obra ou serviço, seja o político que dá ensejo a isso, ou seja o eleitor que não valoriza o seu voto e o troca por qualquer benefício pessoal. A diferença aí é só de cifras, não de princípios.
Some-se a isso a turma que acha que “achado não é roubado”, “o mundo é dos espertos”, “se eu não pegar, outro pega”, muitos acreditam que este é um estado normal da sociedade, e é exatamente ao contrário a orientação do Espírito Joanna de Ângelis (2):
“O erro nunca deve ser tomado como exemplo. Numa época de epidemia gripal, o estado
normal de saúde não passa a ser este, somente porque a maioria das pessoas está infectada. Vacina-te contra os abusos e permanecerás com a vida em ordem, talvez sem os supérfluos, nunca, porém, com escassez ou falta”.
Pode ser que olhando para o espelho ainda não consigamos enxergar o culpado pelos nossos problemas, mas creio que já dá para encontrar no mesmo reflexo o responsável pela solução, a única pessoa que poderá “sacudir a poeira e dar a volta por cima”.
Trabalhar, cuidar do coletivo, preservar a natureza, desenvolver a solidariedade e a tolerância e realizar bons negócios, que são aqueles em que todos saem com seu desejo atendido.
Como em qualquer relacionamento, no mundo dos negócios só pode haver ganhadores. Se uma parte perde é porque a relação está desequilibrada e tal desequilíbrio traz consequências danosas para a sociedade. Basta olharmos à nossa volta.
Dá para “virar o jogo?” Claro que dá! Se não acreditássemos piamente nisso, não estaríamos aqui trabalhando por um futuro melhor a partir da solidariedade e da promoção humana, o espírito Joanna de Ângelis (3), descreveu:
“Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício, enquanto toda queda resulta em
prejuízo, desencanto e recomeço. Trabalhemos nossa própria intimidade, vencendo limites e obstáculos impostos, muitas vezes, por nós mesmos. Valorizemos nossas conquistas, sem nos deixarmos embevecer e iludir por essas vitórias. Há muitas paisagens, ainda, a percorrer e muitos caminhos a trilhar. Somente a reforma íntima nos concederá a paz e a felicidade que almejamos. A mudança para melhor é urgente, mas compete a cada um de nós, corajosa e individualmente, decidir a partir de quando e como ela se dará”.
Nunca perdi a esperança. tenho certeza que um mundo melhor está logo ali adiante, sabemos que ele não virá até nós! Nós é que teremos de ir até ele, e de “braços dados”, pois o poço é fundo e dele ninguém sai sozinho, que possamos com força, coragem e fé ajudar todos do povo brasileiro que “perderam a esperança” a retomá-la.
Bibliografia:
(1) FRANCO. Divaldo Pereira. Vida Feliz, Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Editora Alvorada,
Mensagem II, 9a. Edição, Salvador - Bahia - Brasil, 1992.
(2) FRANCO. Divaldo Pereira. Vida Feliz, Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, Livraria Espírita Editora Alvorada, Mensagem CLVIII, 9a. Edição, Salvador - Bahia - Brasil, 1992.